Live Like a Knight || cap. 11

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Enquanto a menina de cabelos encaracolados mantinha os olhos fechados com medo do que se tinha atirado para cima de si, sentiu um aroma muito familiar, e ao reconhecer esse aroma ela abriu os olhos levemente, a início apenas via aquele cabelo escuro à frente dos olhos e sentia a mão da menina a agarrar com força o seu uniforme. Foi então que ela ouviu chorar e decidiu abraçar a menina.

- Joana… o que se passa?

- Rafaela! Rafaela! – chamava a menina a chorar enquanto continuava agarrada à amiga. Então soltou-a e olhando para ela com preocupação - Como estás? Estás bem? Não estás ferida? Dói-te alguma coisa? Magoaram-te? Fizeram-te mal? Como fugiste? E o teu pai?

- eh? Joana? Que se passa? – Rafaela não entendia porque Joana poderia estar assim, ao ouvir todas aquelas perguntas apenas olhava para ela surpreendida e respondia – Estou bem. Sim. Não. Não. Estou bem! Não. Não. Como? O meu pai?

Joana agarrou-se à sua amiga com força ao ouvir as respostas um pouco confusas, enquanto que Rafaela começava a ficar preocupada, o que haveria passado com a amiga para ela estar assim?

- A Joana foi ontem a tua casa... – disse Andrea que se aproximava delas – está assim desde essa altura… antes de chegares ela estava ali na mesa a chorar agarrada à mala.

- Quando… Quando fui a tua casa… tu e o teu pai estavam desaparecidos... todos estavam preocupados... ninguém sabia se vocês estavam bem…

Pela primeira vez na sua vida a Joana pôde sentir que poderia perder a sua tão amada amiga. Para ela nunca passara na sua mente que Rafaela poderia desaparecer do mundo. Deixar de ver a amiga, já nao poder falar mais com ela, não poder escutar a sua voz, não poder sair com ela, divertirem-se, não poder fotografar, não ter a sua amiga consigo. Joana já havia vivido várias aventuras com Rafaela, mas nunca lhe passou na sua mente que Rafaela perde-se a vida em ocasião alguma, no entanto com este desaparecimento foi diferente. Joana quando ouviu sobre o desaparecimento da jovem Knight a primeira coisa que passou na cabeça da menina de cabelos escuros foi que Rafaela nunca mais voltasse, que Rafaela poderia perder a vida, e esse pensamento nao agradava nada a Joana.

- Eu estou bem!

Rafaela sorriu para a amiga e encaminhou-a para a sua mesa, sentando-a na sua cadeira, Rafaela puxou a sua cadeira para mais perto da amiga e sentiu a necessidade de explicar tudo o que havia passado no dia anterior. Foi então que respirou fundo e começou a contar às meninas tudo o que se passou. As meninas estavam surpreendidas, ficaram preocupadas. Andrea tentou voltar a aliviar a tensão que começava a correr por isso deixou sobressair a sua admiração com Rafaela.

- Saíste da tua aula de Oboé e fizeste isso? – perguntou, depois sorriu e levou a sua mão à mão da amiga - Sugoee

- eheh – Rafaela corou um pouco, sinceramente ainda não tinha pensado que tinha ganhado coragem e salvado Michael. Mas baixou o olhar ao lembrar-se da imagem de Michael preso naquela cadeira – não sei porquê… mas só descansei quando vi o papá bem, em casa

- E o teu pai? – perguntou Joana notando a preocupação da amiga – Ele está bem?

- Oh! Sim, ele esta manhã disse-me que estava bem, que se não abusasse ficaria óptimo

- É normal que ele tenha muitas tonturas, ou que chegue mesmo a ficar inconsciente, agora o corpo terá de produzir sangue o suficiente para ele aguentar-se – disse Andrea ficando um pouco mais séria. Notava-se na menina que ela percebia tudo o que acabara de dizer, apesar que Rafaela não entendera tão bem. Andrea ao notar isso resolveu aclarar o que dissera - ao mínimo esforço agora é possível que desmaie ou fique com tonturas… Por isso não se pode fazer com que ele abuse – Andrea quando acabou a frase olhou para Rafaela que mostrava uma cara de preocupação - … mas se não abusar estará bem - sorriu

- O meu pai disse-me isso, esta manhã…

- Andrea, vejo que gostas muito de Medicina – disse Joana sorrindo tentando mudar o assunto de conversa.

- Sim, adoro! O meu pai é médico, e eu sempre gostei muito disto, por isso quero estudar e ser alguém como ele

Na mente de Rafaela a palavra ‘’Medicina’’ fez com que a menina deixasse tudo o que estava a pensar e levantou o olhar para Andrea. Ao olhar para a menina, ela notou nos olhos de admiração em relação ao seu pai e isso Rafaela sabia o que era. Rafaela também admirava Michael e falava dele com os mesmos olhos que a amiga. Mas foi então que a palavra ‘’Medicina’’ voltou a ecoar na mente de Rafaela e ela olhou para Andrea com uma cara de pânico. Depois ficou um pouco envergonhada e acabou por confessar

- Eu… pessoalmente… não gosto muito nem de médicos… nem de hospitais

- honto??

- hai – disse baixando o olhar quase ficando mal disposta só de pensar

- Rafaela? Voltando à tua história de ontem, porque é que o teu pai queria tanto almoçar contigo ontem? – perguntou Andrea – Ai!! Se calhar não queres falar sobre isso!! desculpa ter perguntado, é que fiquei com curiosidade, eu não tenho de me meter na vida dos outros

- Andrea-chan, não sejas assim… não faz mal perguntar – disse Rafaela sorrindo – Ontem era o aniversario da minha mãe… o papá e eu celebramos sempre juntos esse dia

- Wooow… o teu pai é muito amável, e parece gostar muito da tua mãe, Rafaela-chan

- Sim, o papá sempre amou muito a mamã – sorrindo – e por isso sofreu muito… - sorriu mas no seu rosto mostrou algo de tristeza

- Eu que já conheço o Michael posso dizer que as pessoas que ele mais ama são sem dúvida a Joana-sama e a Rafaela – disse Joana sorrindo e olhando para Rafaela – e sabes, Rafaela? a minha mãe também disse isso no outro dia.

- … a tua mãe, Joana? A sério?

- A mãe da Joana? - perguntou Andrea um pouco perdida na historia.

- Sim! A minha mãe e a mãe da…

Joana deixa o que estava a dizer ao ver que na sala entrava o João. Ela apenas sentiu que ele gostaria bastante de ouvir aquela história, mas não seria da sua boca. Rafaela surpreendeu-se quando Joana se calou do nada, até que apercebeu-se da entrada do rapaz na sala e facilmente entendeu porque a amiga se calou. O rapaz entrou na sala e foi para a sua secretária sempre olhando para as três meninas que estavam ao pé da janela. As meninas já estavam a ficar preocupadas com o que se estava a passar, mas foram salvas pelo toque para o início das aulas, de repente todos os colegas entraram na sala seguidos do professor que começou a aula.

- Nós depois contamos a história, Andrea – disse baixinho Joana piscando o olho a Andrea

A aula decorreu normalmente, todos os alunos tomavam atenção ao que se passava na aula. Para Rafaela esta aula até que passou a ‘’correr’’ pois quando esta notou já estava a tocar para o final da aula e para Rafaela não passou mais de 20 minutos. As três meninas decidiram sair até ao pátio e foram para trás da escola para debaixo de uma árvore, sentaram-se fazendo um circulo e a Joana sorriu para Rafaela, que também sorriu, e começou a contar o que havia sido interrompido.

- A minha mãe era a melhor amiga da mãe da Rafaela, desde que eram muito pequeninas. A minha mãe disse-me que conheceu a Joana-sama quando tinha 5 anos, pois os meus avós eram grandes amigos dos avós da Rafaela. A minha mãe gostava tanto da Joana-sama que quando a Joana-sama conheceu o Michael e começou a namorar com ele, ela era totalmente contra, e dizia que o pior dia da vida dela foi quando a Joana-sama disse que se ia casar com o Michael.

- Mas porquê? Porquê tanto odio ao Michael-san?

Andrea tinha muitas perguntas enquanto Rafaela escutava sorrindo.

- Porque a minha mãe não se esquecia do quanto o Michael era um homem mulherengo antes de conhecer a Joana-sama e tinha medo que ele abandonasse a sua amiga por outra rapariga qualquer, e ainda… dizia que o tempo que ele dava para a fundação era demasiado grande para ele poder ter a Joana-sama consigo, esta e muitas outras acusações ela dizia sobre o Michael. Quando a Joana-sama morreu a minha mãe culpou logo o pai da Rafaela – Joana baixou o olhar um pouco desapontado

- Seria normal essa reacção da tua mãe, Joana! Para todos os efeitos a mamã era a melhor amiga dela

- Eu sei! E entendo o ponto da minha mae.. ela nunca gostou do teu pai. No entanto eu acho que lá no fundo ela sabia que a Joana-sama estava bem ao lado do Michael, ela sabia que era feliz na tua família, Rafaela.

- Sim, eu sei. Mas deve ter sido difícil para a tua mae…

- AHHHHHH – Andrea interrompe toda a conversa – então vocês carregam o mesmo nome porque… porque…

- Sim – disse Rafaela com orgulho no olhar – Carregamos o mesmo nome devido à mesma pessoa.

- A minha mãe sofreu muito com a morte da Joana-sama e então quando eu nasci ela deu-me o seu nome e fez com que o meu cabelo ficasse comprido para poder assemelhar-me mais à Joana-sama

- Enquanto o meu, o papá disse que o tenho porque era o nome da mamã e ele disse que gostava da junção – disse Rafaela sorrindo – e porque queria que eu fosse como a mamã.

- Isso até parece coisa do destino! – disse Andrea – é pena é a tua mãe odiar assim tanto o pai da Rafaela-chan

- Agora já não tanto! – disse Joana sorrindo

- Deixa-me adivinhar? Desde aquele dia – disse Rafaela rindo

- Sim! Desde o dia em que a minha mãe conheceu a Rafaela, e o dia em que ela voltou a ver o Michael, não o via desde o funeral da Joana-sama. Agora parece que cada vez mais ela abre o coraçao e mostra que nunca pensou tao mal do Michael e ela ama a Rafaela, diz que ela se parece muito com a Joana-sama.

Quando tocou para a entrada todos entraram na sala, as meninas ao ouvirem o toque foram a correr apressadamente para a sala. Ao final da aula, faltavam apenas 5 minutos para sair, a Rafaela já tinha alguma fome, e não estava a tomar atenção porque a turma estava a fazer um jogo para passar o tempo, então finalmente tocou, a Rafaela arrumou as coisas num instante e muito sorridente.

- Hoje estou com pressa, vou almoçar com o meu papá – sorriu e saiu a correr.

- Bom almoço! – disseram as meninas que sorriam e acenavam à amiga.

- Obrigada!

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